segunda-feira, 31 de março de 2008

Debate: Cultura e Comunicação

O Seminário Cultura e Comunicação recebe sua primeira convidada. A pesquisadora Nara Magalhães, Pós-doutoranda, associada ao Núcleo de Antropologia e Cidadania do PPGAS/UFRGS, debaterá temas relacionados às suas abordagens, discutindo as visões das Ciências Sociais sobre as pesquisas que envolvem produtos e meios de comunicação.

O texto base deste encontro é "Reflexões sobre a televisão e a falta de cultura no Brasil", publicado pela revista Em Questão, da FABICO/UFRGS. O texto pode ser acessado aqui.

segunda-feira, 24 de março de 2008

A Representação do Eu na Vida Cotidiana de Erving Goffmann


Erving Goffmann (1922 - 1982) foi sociólogo e escritor canadense. Estudou na Universidade de Toronto e Chicago. Observou a interação social no dia-a-da, especialmente em lugares públicos, principalmente no seu livro A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Para Goffman, o desempenho dos papeis sociais tem a ver com o modo como cada indivíduo concebe a sua imagem e a pretende manter. Estudou também com especial atenção o que chamava de "instituições totais", lugares onde o indivíduo era isolado da sociedade, tendo todas as suas atividades concentradas e normalizadas.


Na primeira parte deste livro (aula 3), o autor apresenta a representação como uma atividade do sujeito que passa caracterizado por um conjunto de observadores, exercendo alguma influência, e que cada indivíduo desempenha um papel e solicita a seus observadores que levem a sério a impressão sustentada por ele.

Nesse caso, a impressão que o indivíduo acredita estar passando da realidade torna-se uma representação que pode ser: a) sincera: o sujeito acredita na impressão criada por sua representação; b) cínico: o sujeito não acredita em sua representação, mas a aceita como um bem para si ou para a comunidade.
Nessas relações, existe a construção do caráter da pessoa (máscara).

Características da representação: atividade orientada para o trabalho tende a converter-se em atividade orientada para a comunicação. O autocontrole é exercido por um consenso constante.
= COAÇÕES DA INTERAÇÃO.

A configuração cultural produz meios convenientes de conduta, através de valores, práticas e relações.

A Construção Social da Realidade em Peter Berger e Thomas Luckmann

Peter L. Berger é professor de Sociologia na Rutgers University de New Brunswick (N.J.). É autor do livro Perspectivas Sociológicas (Vozes, 1972), Um Rumor de Anjos (Vozes, 1973) e de vários outros.

Thomas Luckmann é catedrático de Sociologia na Universidade de Frankfurt. Escreveu Das Poblem der Religion in der modernen Gesellschaft e, juntamente com Alfred Shultz, Strukturen der Lebenswelt.

Em A Construção Social da Realidade, os autores abordam, numa perspectiva humanística e com grande poder de síntese, o tema que - a partir de Max Scheler e Karl Mannheim - se designa por sociologia do conhecimento. É uma subdisciplina sociológica que tem vindo a assumir importância cada vez maior no campo das ciências sociais. Após uma introdução de caráter geral, os autores desenvolvem em 3 capítulos os alicerces do conhecimento da vida quotidiana (A realidade - A interação - A linguagem e conhecimento na vida quotidiana), a sociedade como realidade objetiva (Institucionalização - Legitimação) e a sociedade como realidade subjetiva (A interiorização da realidade - A interiorização e a estrutura social - Teorias sobre a identidade - Organismo e identidade). Na conclusão os autores põem em confronto as implicações geradas entre a sociologia do conhecimento e a teoria sociológica.


No capítulo 1 (aula 3), os autores apresentam a realidade da vida cotidiana como objetivada e subjetivada, aqui e agora, como uma interação, como um conhecimento do senso comum, repleta de significações, como uma transição e ao mesmo tempo natural.

Nas interações do cotidiano, a face a face é a que representa a objetivação, através da expressão e da linguagem - uma forma de participar, de se localizar e de gerar identidade.

A Sociologia da Cultura de Raymond Willians

Nascido em Pandy (1921-1988), uma comunidade rural localizada na fronteira do País de Gales com a Inglaterra, Raymond Williams foi contemplado com uma bolsa de estudos em Cambridge e, junto com outros autores importantes da Inglaterra, fundou a New Left, formada por intelectuais que procuraram entender a crise da esquerda no século XX. Nesse grupo, Williams trabalhou, particularmente, no campo da educação e desenvolveu estudos na área da cultura. Na prática, seu trabalho educacional relacionava-se a um projeto de instrução universitária para adultos.

Williams operou suas reflexões tomando como referência a classe trabalhadora concreta, cooptada pelo consumo fácil de mercadorias para as “massas”. Ele tentou entender o capitalismo em movimento e traçar uma reflexão pautada em um marxismo também em movimento. Ele tenta refazer o caminho da teoria marxista, colocando no centro do debate uma crítica da cultura.

No texto Sociologia da Cultura (aula 3), o autor apresenta uma breve explicação sobre o conceito de sociologia da cultura como o estudo das práticas e produções culturais, a partir da análise social de instituições e formações especificamente culturais e o estudo das relações concretas entre estas e os meios materiais de produção cultural, além das formas culturais concretas (Estudos Culturais).

Estudos de interesse: instituições, conteúdo e efeitos.

A tradição alternativa: estudo das condições sociais, elementos sociais e relações sociais da obra de arte, formas e ideologia.

A Sociologia da Cultura preocupa-se com: os processos sociais de toda produção cultural; as instituições e as formações da produção cultural; as relações sociais de seus meios específicos de produção; os modos pelos quais, dentro da vida social, a cultura e a produção cultural são identificadas e discriminadas; determinadas formas artísticas; os processos de reprodução social e cultural; e problemas gerais e específicos da organização cultural.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A interpretação de produtos culturais

Indicamos abaixo uma leitura complementar ao texto "A interpretação das culturas - Clifford Geertz", trabalhado em aula no dia 19.03.

A interpretação de produtos culturais
Contributos de uma abordagem etnometodológica aos estudos da comunicação

Francisca Ester Sá Marques
Universidade Federal do Maranhão

Acesse o texto aqui.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Disneylandia - Jorge Drexler

Composição Original: Arnaldo Antunes / Titãs

Hijo de inmigrantes rusos casado en Argentina
con una pintora judía,
se casa por segunda vez
con una princesa africana en Méjico.

Música hindú contrabandeada por gitanos polacos se vuelve un éxito
en el interior de Bolivia.
Cebras africanas y canguros australianos en el zoológico de Londres.
Momias egipcias y artefactos incas en el Museo de Nueva York.

Linternas japonesas y chicles americanos
en los bazares coreanos de San Pablo.
Imágenes de un volcán en Filipinas
salen en la red de televisión de Mozambique.

Armenios naturalizados en Chile
buscan a sus familiares en Etiopía.
Casas prefabricadas canadienses
hechas con madera colombiana.
Multinacionales japonesas
instalan empresas en Hong-Kong
y producen con materia prima brasilera
para competir en el mercado americano.

Literatura griega adaptada
para niños chinos de la Comunidad Europea.
Relojes suizos falsificados en Paraguay
vendidos por camellos en el barrio mejicano de Los Ángeles.
Turista francesa fotografiada semidesnuda con su novio árabe
en el barrio de Chueca.

Pilas americanas alimentan electrodomésticos ingleses en Nueva Guinea.

Gasolina árabe alimenta automóviles americanos en África del Sur.
Pizza italiana alimenta italianos en Italia.

Niños iraquíes huídos de la guerra
no obtienen visa en el consulado americano de Egipto
para entrar en Disneylandia.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Conteúdos complementares

Dois dos autores que serão trabalhados no Seminário Cultura e Comunicação, Néstor García Canclini e George Yúdice, já foram entrevistados pelo Correio Braziliense. As entrevistas estão linkadas no menu ao lado. Esse menu será usado para indicação de livros, filmes, vídeos e textos que têm relação com as discussões feitas em aula e que as complementam.

Seminário Cultura e Comunicação

Trata-se de uma disciplina eletiva, aberta às três habilitações do curso de Comunicação Social da UFRGS. Contempla uma abordagem interdisciplinar de questões teóricas vinculando Comunicação e Cultura, em diversas dimensões e/ou especificidades. A linha central de discussão engloba os usos da cultura na contemporaneidade. Estes usos serão analisados justamente nas interfaces da comunicação e de práticas socioculturais, visualizando a participação da mídia nestes processos. Teoricamente, serão trabalhados conceitos básicos sobre cultura provenientes das Humanidades e a apropriação dos mesmos pelos estudos do Campo da Comunicação. Códigos e regras estabelecidos através das práticas socioculturais e sua presença nos diferentes textos midiáticos serão explorados nas atividades práticas e de debate.

Os principais eixos do Seminário são:
1. Definições de conceitos básicos sobre Cultura;
2. Usos da Cultura e a Comunicação;
3. Análise de práticas socioculturais no universo da Cultura Popular (música, funk, grafite, cinema);
4. A mídia e os processos socioculturais (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas).

O Seminário Cultura e Comunicação tem 17 encontros, totalizando 2 créditos, e funcionará semanalmente nas manhãs de quarta-feira (10h30/12h10), sendo ministrado por Márcia Anselmo (Mestranda PPGCOM/UFRGS) e Reges Schwaab (Doutorando PPGCOM/UFRGS), sob supervisão da professora Karla Müller, responsável pela disciplina.


Bibliografia Básica:
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. 2ª ed. Bauru: Edusc, 2002.
HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. In: Educação & Realidade. Open University: V. 22, n. 2, 1997.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.


Bibliografia Complementar:
ALLENDE, Isabel. Meu país inventado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
BERGER, Peter L., LUCKMANN, Thomas. A Construção Social da Realidade. 21ª ed. Petrópolis, Vozes, 1985.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
BOURDIEU, Pierre; EAGLETON, Terry. A doxa e a vida cotidiana: uma entrevista. In: ZIZEK, Slavoj. Um mapa da ideologia. (org.). Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
CASTRO, Celso (org.). Antropologia Cultural - Franz Boas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Arte de fazer. 5ª ed. Petrópolis, Vozes, 1994.
FRIDMAN, Luis Carlos. A sociedade das imagens e a nova vida das mercadorias. In: FRIDMAN, Luis Carlos. Vertigens pós-modernas. Configurações institucionais contemporâneas. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000. (23-53)
GARCIA CANCLINI, Nestor. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade. - 2. ed. – Rio de Janeiro:Editora da UFRJ, 2007.
GARCIA CANCLINI, Nestor. Consumidores e Cidadãos; conflitos multiculturais da globalização. Tradução: Maurício Santana Dias. 5 ed. Rio de Janeiro: UFRGJ, 2005.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, LTC, 1989.
GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na vida cotidiana. 9ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 1999.
IANNI, Octavio. A era do globalismo. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. Globalização e diversidade (9-32).
ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
SANTAELLA, Lúcia. Culturas e Artes do Pós-humano. Da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003. (51-60).
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.
XINRAN. As boas mulheres da China: vozes ocultas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.